quarta-feira, 2 de março de 2011

zu viel Kraft in der Lunge für zu wenige Trompeten.

Guess who's back.

Dickes B.
A primeira parte do post vai ser sobre eu sendo turista em Berlim. Nesses últimos tempos, andei visitando Bradenburger Tor, Reichstag (a segurança lá é enorme, é até um pouco constrangedor. Vai saber porque), Denkmal, Deutsches Historisches Museum e a Berliner Dom. Foi bem legal sair por aí, andando por Berlim, procurando coisas lindas. Quando se chega na rua Unter den Linden, é difícil saber para onde olhar. Tudo é muito, muito bonito. Mas muito bonito mesmo. E a Berliner Dom resume bem isso. Porque todos os pedacinhos dela são maravilhosos, e você nunca consegue decidir se você quer ficar sentado na frente dela, dos lados, atrás ou dentro para o resto da sua vida. No museu, fui ver a exposição Hitler und die Deutschen (Hitler e os alemães). Foi bem, bem interessante, estava bem, bem bonita. Mas era um pouco triste. Claro, era o tipo de coisa que só se chega a ver na capital alemã. Mas mesmo assim, era meito triste demais.
Outra coisa que eu andei fazendo foi ir assistir um dos filmes que estavam no Berlinale (sabe, Urso de Ouro ? É o prêmio desse festival). Filme brasileiro. Garanto que não entendi nada do filme até o diretor vir e explicar. Mas foi legal a experiência. Ainda mais que agora descobri (graças à Juliana) uma sorveteria ótima na Alexanderplatz (onde foi o filme) e ando um pouco viciada em tomar sorvete no frio. Não, ainda não fiquei doente. Bom, não de novo.

A Gal.
Na última quinta-feira, resolvi sair com a gal daqui pela primeira vez. Ia ser na casa de um dos caras da escola, pensei que seria bacana. E foi, haha. Quando falo que pensei que seria, dá a entender que não foi. Mas foi. Aliás, foi melhor do que achei que seria. Não garanto que a galera de Sampa seja completamente louca. Mas são mais divertidos do que os daqui. Não que os daqui não sejam. Talvez só esteja mais à vontade com a gal original. Não sei. Mas antes achava que a galera daqui ia ser um pouco louca demais. E pelo contrário, eles são bem mais 'família'. Claro, saem todos os dias, praticamente, e estão quase sempre em bares. Conversando. Ou dançando. Eu fico até um pouco triste. Quanto mais saio com eles aqui, mais quero voltar para o Brasil. De novo, não é porque eu não gosto de sair aqui. É só que eu amo a gal de Sampa (amo vocês, gal!) e eles são realmente muito, muito legais. E eu sinto falta de sair com eles. Haha.
De qualquer jeito, depois de pegar o ônibus errado, e entrar na rua errada, acabei chegando na casa do suíço italiano. Cheguei lá, todo mundo já lá, peguei a primeira cerveja que eu resolvi beber em Berlim. Heineken.
Sim, podem me matar. Demoro três semanas para tomar minha primeira cerveja em Berlim, e acabo tomando Heineken ? Eu mereço. Mas logo depois tomei outras duas que são daqui.
Uma das coisas mais legais de quando a gente sai é a variedade cultural. Claro, noventa por cento é suíço. Mas mesmo assim, tem o grupo que fala francês, o grupo que fala espanhol, o que fala italiano, os brasileiros (meu grupo preferido para conversar, garanto!), os que falam alemão (quando a conversa é entre pessoas de línguas diferentes) e os que falam inglês (vou admitir que muitas vezes eu que começo esse grupo). Achei engraçado também que a gal aqui bebe absinto de boa, e continua conversando. Queria ver algo assim com a gente em São Paulo. Não precisa nem ser em algum lugar muito mais animado (tipo, festa da FASM, haha). Só na casa da Naimi já ia fazer um estrago. Tenho até medo (e saudades) de imaginar.
Ainda não saí com eles para dançar, mas quero muito. Me disseram que eles não tem muito ritmo, que eles não usam nenhuma articulação (a não ser o pulso) e que eles ainda fazem cara de quem está requebrando. Quero muito ver. Ainda mais para colocar o jeito que eu danço do lado do deles. Imagina.
Ontem, depois de irmos ao Reichstag (com a escola, aliás - me senti um pouco na escola mesmo. Fazendo excursão. Um pouco triste), fomos a um bar (bem bacana, mas não tão bacana ao que eu fui no Sábado - história triste). E eu conheci o resto da gal, aquela com quem eu mal falava. E eu adorei. Eles são todos bem legais. E todos adoraram as moedas brasileiras. Ficaram inconformados que elas se parecem com o Euro (acho que a gente deu uma copiada, viu). Até quiseram tentar colocar na máquina que tem lá na escola hoje pra ver se funciona (não funciona).

 Viel Spaß!
Aqui vem a última parte do que eu vou escrever hoje. O visto. Ah, visto do inferno. Segunda-feira de manhã, cheguei no que vou chamar de LOTV (Lugar Onde Tiro o Visto - ainda não descobri como chama esse lugar). Cheguei para o primeiro cara que estava lá, no pior alemão que eu pude reunir dentro de mim, perguntei onde ir. Quando entendi que ele queria ver meu passaporte, ouvi ele dizer que era no prédio C. Lindo. Acabei descobrindo que era tudo o mesmo prédio. Mas oks. Fui até o C. Vi lá 'Brasilien'. Segui. Cheguei para o primeiro cara lá dentro, mostrei passaporte, ele me mandou ir até o segundo andar. Lindo. Cheguei lá, não sabia onde tirar senha. E pior: tinha uma placa escrito No Students On This Floor (única coisa em inglês do prédio inteiro). Sofri um pouco. De medo de estar no lugar errado. Sem contar, que eu não conseguia achar onde tirar uma senha. Desci na indecisão mais uma vez e perguntei para outro cara onde eu ia. Ele falou que para estudantes só estava aberto no dia seguinte. Fui assistir o resto da aula.
Dia seguinte (ontem) às seis e cinquenta da manhã, lá estava eu, andando pela rua gelada e interminável que levava ao LOTV (andei tanto naquela rua, juro, odeio lá. Haha). Cheguei sete em ponto lá. Feliz da vida com a minha pontualidade. Pense bem, fui uma das primeiras pessoas a pegar a senha (acabei achando onde tirava). Uma hora depois fui atendida. E descobri que tava no lugar errado. Lindo. Só que ninguém sabia onde eu devia ir! A mulher disse que para Sprachkurs era no andar debaixo. E eu perguntei para o cara do andar de baixo, ele disse que era para estudantes de universidade, putaquepariu (meu blog, posso xingar quanto quiser. Ou será que devo colocar uma advertência antes ?). Rodei aquele prédio mais umas mil vezes até decidir ficar onde estava marcado 'Estudantes'. Só que a maquininha de tirar senha não tava dando senhas. Chorei um pouco, mas fiquei sentada lá. E, fair enough, depois de um tempo, ela voltou a dar senhas, e eu tirei a minha. Tudo certo ? Quase. Porque quando fui ser atendida, descobri que precisava ter me registrado na prefeitura de Berlim antes. O que eu não tinha feito. Posso falar ? Lindo. Muito lindo da minha parte. Sai andando naquela rua insuportável de volta ao metrô, rodei as linhas mais um pouco e vim parar aqui perto de casa, para me registrar. Antes, passei na escola para poder ter certeza de que só precisaria ir na prefeitura uma vez. Quando cheguei lá, no Rathaus (sei como soa, mas não tem nada a ver), eram dez e meia e só abria às onze. Melhor. Porque, assim que abriu, lotou. E eu ainda fui a oitava pessoa a tirar senha. E me registrei, finalmente. A mulher de lá foi super legal, super compreensiva. Me animou um pouco mais.
Peguei de novo as mil linhas de metrô e voltei a andar naquela rua insuportável, já esperando algum outro tipo de fracasso. Cheguei e me sentei, sabendo que faltava menos de uma hora para o LOTV fechar. E a maquininha de tirar senha não estava dando senhas. Me sentei e rezei para todos os deuses nos quais eu não acredito. E logo ela funcionou. Tirei minha senha e, em menos de cinco minutos, entrei.
O cara que me atendeu então era bem simpático. Mostrei nem metade dos papéis que tinha preparado com meu pai no Brasil (pois é, pai) e ele me falou que eu logo iria ser chamada novamente para uma entrevista do visto. Meio assustador. Mas nem foi. Quando entrei no escritório, a primeira coisa que a mulher me perguntou foi se eu falava Alemão. As duas outras únicas perguntas foram: 1) se eu ia fazer alguma coisa além de estudar Alemão; e 2) se eu ia querer ficar aqui mais do que até dia 25 de Junho. Falei que não para as duas, e acabei ganhando visto até o final de Julho. Vai entender. Mas acontece também, que precisava pagar. Cinquenta euros. E eu não sabia. Em dinheiro. Por sorte (coisa rara na minha vida), eu tinha na carteira. Paguei e peguei meu passaporte. Juro que quase abracei a mulher. Mas vai saber, né. Ela é alemã. Melhor não. E eu teria chorado também. Mas não costumo chorar de alívio. Ou felicidade. Só se eu estiver vendo o Eminem na frente. Ah, saudades daquele dia.

Am Ende
O que importa agora é que eu tenho o visto para a Alemanha! Haha. Agora meu pai pode oficialmente ficar calmo. E eu também. Porque, vai que, neah. Ou ia, neah.
Título do post normalmente é a música que estou ouvindo. E ando ouvindo a mesma música desde sexta passada: Dickes B, do grupo Seeed (sim, três e's). A tradução do título é mais ou menos (no meu Alemão): vigor demais nos pulmões para poucos trompetes. Procure no youtube. Ou clique aqui. Mostra vários lugares legais de Berlim, que é, aliás, a cidade mais legal da face da terra. Não queria falar nada, mas é concorrente forte para São Paulo.
Ah, que saudades de São Paulo. E das pessoas do Brasil. Saudades de vocês, gente. E de como as coisas são aí. A comida, o transporte que não funciona, a pontualidade inexistente. Tudo. Haha. Cheguei ontem no ponto de ônibus às cinco e 20 porque sabia que ia ter um ônibus às cinco e vinte e um. E assim que eu cheguei ao ponto, vi o ônibus chegando na rua. Juro, pensei, "cara, como eu amo essa cidade". Até eu aqui sou pontual (ainda não cheguei atrasada em lugar nenhum). Reflita.



L.